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Completamos, em março de 2021, um ano desde a primeira morte por coronavírus no país. Hoje, com o Brasil ultrapassando 373 mil mortos, vivemos o pior momento desde o início da pandemia. Além dos números alarmantes de casos e mortes pela COVID-19, chegamos também ao pior índice de insegurança alimentar desde 2004, e o número de pessoas em condição de pobreza quase triplicou no último ano. Segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas, atualmente, 27 milhões de pessoas (12,8% da população brasileira) vivem com menos de R$ 246,00 por mês.
A precariedade e a fome se alastram pelo país, com mais da metade da população enfrentando algum tipo de insegurança alimentar, segundo pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN). A pandemia da COVID-19, uma tragédia humanitária que impactou toda a economia mundial, ampliou enormemente os problemas e contrastes sociais. Entretanto, o agravamento da crise social no Brasil não se deve unicamente aos impactos da pandemia. Grande parte desta tragédia é atribuída à extrema desigualdade na distribuição dos recursos. Recentemente vivenciamos uma típica cena brasileira dos nossos tempos: na mesma semana em que os jornais alardeavam a entrada de onze novos brasileiros ao rol dos bilionários, anunciavam também que o número de pessoas famintas triplicou no último ano. Enquanto o Brasil comemora a chegada de onze pessoas ao pódio dos bilionários, mais de cem milhões de pessoas enfrentam dificuldades para alimentar-se e esperam um auxílio emergencial insuficiente, penosamente concedido pelo governo.
O Brasil voltou ao mapa da fome. Não apenas por causa da crise sanitária, mas principalmente pelo desmonte das políticas sociais. Desde 2016 o Brasil tem retrocedido na luta contra a fome, começando pelo enfraquecimento de programas de apoio à agricultura familiar, cruciais para o escoamento da produção do pequeno produtor e para a segurança alimentar como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e pela extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA).
Vivemos em um país que prioriza a economia do agronegócio. A comoditização dos alimentos é uma dinâmica perversa que já se provou inviável para o meio ambiente e para o desenvolvimento humano. A comida chega cada vez mais cara e cada vez menos à mesa dos brasileiros por causa de uma política de produção centrada na exportação e na monocultura, que é responsável pelas desigualdades no campo, pela degradação ambiental e pelo aumento da fome nas cidades.
Nossa luta deve ser, em primeiro lugar, pela construção de sistemas alimentares justos que estejam inseridos em uma dinâmica de economia solidária. Mas, diante da urgência que o momento nos exige, ações emergenciais que preservem a dignidade e a vida dos que têm fome hoje, devem caminhar paralelamente à luta por mudanças estruturais.
A maior crise sanitária da nossa história nos exige resiliência e adaptação nas estratégias de mobilização e enfrentamento dos problemas sociais que foram agravados pela pandemia. Por isso, diversas redes de solidariedade têm se organizado pelo país. Esperamos que essa mobilização nos conduza no futuro, através de mudanças estruturais, a uma sociedade mais humana, solidária e justa.
Ainda que os problemas sociais sejam comuns a todos nós, o pesar pela perda de um parente ou um amigo, em meio à tragédia em que vivemos, é pessoal. A dor é única. Não é dividida, é compartilhada. Neste momento, a GARDE se solidariza com todos que sofrem os efeitos desta tragédia.
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